quarta-feira, 17 de abril de 2013

Ministra quer investigação federal para mortes de moradores de rua Maria do Rosário informou que entregará pedido à PGR na quarta-feira (17). Nos últimos 8 meses, 29 pessoas foram assassinadas nas ruas de Goiânia


A ministra da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), Maria do Rosário, disse que pedirá a federalização de todo  processo de denúncia, investigação e julgamento dos crimes praticados contra a população em situação de rua em Goiânia. A Região Metropolitana da Capital registrou 29 assassinatos nos últimos oito meses.
Em nota divulgada no site da secretaria, a ministra informou que formalizará o pedido na quarta-feira (17), às 11h. O documento, segundo a nota, será entregue ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

De acordo com a nota, a ministra apresentará levantamento realizado pela SDH das deficiências dos inquéritos da polícia goiana. "Nós acreditamos que os crimes devem ficar sob responsabilidade federal", disse a ministra ao defender o deslocamento de competência de todo o processo de denúncia, investigação e julgamento dos crimes praticados contra a população em situação de rua na cidade.

A ministra defende a tese de que há um grupo de extermínio atuando contra a população em situação de rua em Goiânia. No último dia 10, ela enviou uma força-tarefa do governo federal à capital para acompanhar a apuração da onda de homicídios. Os membros da comissão passaram o dia em reuniões definindo medidas de emergência e, à noite, saíram para conversar com pessoas que vivem nas ruas.

Polêmica
O pedido é polêmico. O Secretário de Segurança Pública de Goiás, Joaquim Mesquita, é contra a federalização das investigações: "Quem define a competência para apurar os crimes é a lei. E a lei define que a competência para apurar este tipo de crime compete à Justiça do estado e, por consequência, à polícia do estado. Nós temos que discutir isso de uma maneira racional e não emocional".

A Polícia Civil de Goiás é rechaça a proposta da SDH. Para o titular da Delegacia de Investigações de Homicídio (DIH), Murilo Polati, a hipótese de grupo de extermínio é inconsistente. De acordo com as investigações, a maioria das vítimas morreu por acerto de contas envolvendo o uso e tráfico de drogas. Há também aqueles que perderam a vida durante briga entre os próprios moradores de rua.

Mas, para o coordenador do Centro de Referência de Direitos Humanos, Eduardo Mota, a atuação da polícia estadual não tem sido suficiente. "Na nossa perspectiva, há necessidade de outros agentes operando aqui para a investigação desses casos. Vemos com bons olhos a federalização de todo o processo, inclusive do julgamento dos casos, porque entendemos que há falhas também nesse processo de julgamento", defende.

A escalada de violência envolvendo a população de rua em Goiânia começou em agosto do ano passado. Nesta terça-feira (16) foi registrado o 29º assassinato, conforme a Delegacia Estadual de Homicídios.

Entre as mortes de pessoas em situação de rua na Grande Goiânia, uma não é computada na estatística da DIH. O caso aconteceu na noite de dia 12 de março, quando o delegado da Polícial Civil Alécio Moreira Junior matou um homem e deixou outro ferido ao tentar separar uma briga entre moradores de rua.

Sobrevivente
O relato de um morador de rua que sobreviveu a uma tentativa de assassinato, em Goiânia, reforça a hipótese de que o acerto de contas por uso e tráfico de drogas, principalmente o crack, seria o motivo para tantas mortes. No último sábado (13), um rapaz escapou por pouco da morte. Ainda no hospital, depois de levar vários tiros, ele contou à polícia que um traficante tentou matá-lo por causa de uma dívida de R$ 50 em entorpecentes.

No vídeo gravado pela Polícia Civil, o sobrevivente conta que fazia "um corre", ou seja, vendia drogas para o suspeito da tentativa de homicídio. Ele conta que, por volta de 5h45, o autor dos disparos desceu da moto de revólver na mão. O atirador usava um capacete preto com viseira transparente. O morador de rua conta ter reconhecido o suspeito. Alvejado por vários tiros, o jovem foi socorrido ao Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo) e sobrevive.
Fonte: G1 GO


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